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![]() Passados mais de quatro meses do início da pandemia de coronavírus no Brasil, as incertezas ainda prevalecem, mas cresce a percepção de retomada gradual – e possivelmente lenta – das atividades econômicas. Enquanto as regras de isolamento vão sendo flexibilizadas e grandes centros, como São Paulo, vão reabrindo aos poucos, os números da covid-19 continuam crescendo, principalmente no interior dos estados. Em todo o país são mais de 2,6 milhões de pessoas contaminadas e mais de 91 mil mortes. Com isso, o enfrentamento da pandemia e os avanços científicos em busca da vacina e de medicações para conter a doença seguem em destaque nos noticiários. Paralelamente, despontam sinais de recuperação econômica, sugerindo que a queda deve ser menor do que a prevista e, talvez, que o pior já passou. É neste sentido que aponta o Boletim Focus, do Banco Central, divulgado no dia 27 de julho, no qual o mercado financeiro reduz a projeção de recuo do Produto Interno Bruto (PIB) para 5,77% neste ano. A expectativa de crescimento para 2021 foi mantida em 3,50%, a mesma previsão há nove semanas consecutivas. Para 2022 e 2023, o mercado financeiro continua a projetar expansão de 2,50% do PIB. Um indicador positivo é a expedição de papelão ondulado, que voltou a crescer em junho depois de dois meses de quedas acentuadas por causa da covid-19. Considerado um sinalizador de tendência, a expedição de papel e papelão ondulado é um dos componentes do Indicador Antecedente Composto da Economia (IACE) que permite uma comparação direta dos ciclos econômicos do Brasil com os de outros 11 países e regiões. De acordo com dados prévios divulgados pela Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO), em junho foram expedidas 291.837 toneladas, crescimento de 9,61% sobre maio e 6,21% ante um ano atrás. Mais um sinal positivo vem do Índice de Confiança do Consumidor, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que subiu 7,7 pontos na passagem de junho para julho deste ano. Ainda abaixo do patamar anterior à pandemia, essa foi a terceira alta consecutiva e o indicador chegou a 78,8 pontos, em uma escala de 0 a 200 pontos. A própria FGV mede o Índice de Confiança do Comércio, que cresceu 1,7 ponto de junho para julho deste ano, também anotando a terceira alta seguida. Com isso, a confiança do empresário do comércio brasileiro passou para 86,1 pontos, em uma escala de 0 a 200. De certa forma, é consenso entre os economistas e analistas que abril foi o fundo do poço da economia deste período de pandemia, com início de melhora em maio. Há concordância geral também de que os dados econômicos têm reflexo do auxílio emergencial e das políticas de fomento do governo, ainda que não tenham chegado a todas as pessoas e empresas que necessitam. Ao comentar os dados do comércio, o pesquisador da FGV ressaltou que é preciso cautela na interpretação dos resultados, uma vez que o cenário de incerteza persiste, assim como a fragilidade no mercado de trabalho. A economista Zeina Latif destacou a mesma precaução quando falou do ritmo da recuperação e do cenário econômico pós-covid-19 em entrevistada ao podcast setorial Ondas Impressas, no dia 15 de julho. Na conversa com a jornalista Tânia Galluzzi e com o consultor Hamilton Costa, a economista disse que o Brasil cometeu erros na gestão da saúde e perdeu oportunidades, que machucaram a economia. Mas, apesar das críticas, Zeina Latif destaca que o Brasil é um país difícil, com problemas estruturais e grande informalidade na economia, fatores que também se refletem no acesso ao crédito. A economista considera que os dados mais recentes representam a saída do sufoco, mas ainda com muita incerteza na velocidade da retomada da economia. Ela acrescenta que é importante o cuidado na gestão dos negócios e o zelo na tomada de decisões e na administração das finanças, especialmente no quadro de recuperação, que será lenta. O sobe e desce do câmbio Junto com os reflexos da pandemia, nos últimos meses as empresas tiveram de lidar com a alta volatilidade da taxa de câmbio. Em geral, a cotação mais alta do dólar favorece os exportadores e prejudica os importadores de produtos e equipamentos e aqueles que têm dívidas atreladas à moeda norte-americana. A economista Zeina Latif explicou que, como o volume exportado é menos sensível ao câmbio e mais à demanda externa, o dólar forte pode elevar a rentabilidade das exportações, compensando a retração que ocorre no mundo todo pela pandemia. Na avaliação da economista, a queda das importações brasileiras hoje tem mais a ver com a baixa da demanda da economia interna do que com a taxa do câmbio. “Muita volatilidade é veneno para atividade econômica”, afirmou, explicando que a oscilação do câmbio é fator importante para a indústria gráfica, pois mesmo o produto que não é importado tem influência do preço do dólar (como o papel e a celulose). A cotação da moeda norte-americana começou 2020 um pouco acima de R$ 4,00, passou a marca de R$ 5,00 em meados de março, quando o Brasil começava a enfrentar medidas restritivas para tentar conter o avanço da pandemia do novo coronavírus. Em maio, o dólar chegou ao ápice, atingindo a casa dos R$ 6,00 e seguiu oscilando fortemente, caindo a menos de R$ 5,00 e fechando o mês de junho a R$ 5,47. No dia 27 de julho, a moeda norte-americana foi cotada a R$ 5,15. No Boletim Focus, do Banco Central, a estimativa para a taxa de câmbio é de R$ 5,20 no início de dezembro e R$ 5,00 no término de 2020. Newspaper Ed. 75 |
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