ADMINISTRAÇÃO  


Diretor da Sappi prevê novo padrão de consumo ( 01/08/2020 )



Uma volta lenta e gradativa a patamares que devem ficar em torno de 70% a 80% do consumo anterior. Essa é a expectativa para o mercado de papel no Brasil pós-pandemia na avaliação do diretor da Sappi Trading, Flavio Ignacio. Depois de passar o mês de abril negociando atrasos e cancelamentos de pedidos, com paralisação dos embarques, ele contou que registrou melhora nos meses seguintes, com vendas de itens para reposição e ainda assim muito tímidas. Com mais perspectivas de retomada de programação de novos pedidos, para julho a previsão era superar os 60% das vendas regulares para o período.

Para o segundo semestre, a expectativa é de que as eleições municipais ajudem a retomada da indústria gráfica. Flavio Ignacio observou ainda que há uma demanda reprimida por impressos já que os clientes contratantes dos serviços gráficos também estavam com suas atividades paradas ou reduzidas, pelas medidas de combate à propagação do coronavírus. À medida que a indústria gráfica volte a receber pedidos, vai demandar reposição de estoques e programação de compra de papel. Considerando o processo de importação, os papéis da Sappi levam, em média, três meses entre o pedido e a entrega.

A retração da economia e os novos hábitos digitais das empresas e das pessoas, que tiveram de se adaptar ao trabalho remoto, devem se refletir no mercado de papel no pós-pandemia. Esse cenário já está se verificando na Europa e o executivo acredita que no Brasil aconteça o mesmo, com o novo padrão de consumo ficando entre 70% e 80% do volume anterior.
Com larga experiência no ramo de papel, Flavio Ignacio está à frente da Sappi no Brasil desde 1999, atendendo também os mercados da Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai. Como uma empresa global, a Sappi comercializa alguns produtos de seu portfólio no mercado brasileiro. A linha de papéis cuchê é o carro-chefe da Sappi no Brasil, correspondendo a cerca de 70% dos negócios. Os papéis especiais são em torno de 20% e os 10% restantes são dos tipos classificados como superespecial, com aplicações específicas como para a indústria calçadista.
Na cadeia dos papéis gráficos, o cuchê está muito conectado com o mercado promocional, com a produção de panfletaria que é um segmento que foi fortemente afetado pela paralisação das atividades pela crise sanitária atual.

O executivo comentou também a questão cambial com a desvalorização do real frente ao dólar, que impacta diretamente nas importações. “O problema maior não é o dólar alto é a instabilidade. A cotação mais estável é o ideal. Os preços se adéquam”, disse.

Newspaper Ed. 75

 
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